Por que as emoções importam no ambiente de trabalho

PUBLICADO POR SEEPIX COMUNICAÇÃO EM 21/03/2025

O fundador da psicanálise, Sigmund Freud, ao estudar a dinâmica da mente humana, demonstrou que a repressão das emoções pode gerar grande sofrimento psíquico. Já o psicanalista inglês Donald Winnicott introduziu o conceito de “ambiente facilitador”, no qual destaca a importância de um espaço emocionalmente seguro para o desenvolvimento saudável do indivíduo.

No contexto corporativo, isso se traduz na criação de lugares onde os colaboradores sintam-se acolhidos em suas emoções, permitindo que se expressem com autenticidade e desenvolvam seu potencial criativo e produtivo. Ignorar os sentimentos dos profissionais não só compromete a saúde mental, mas também mina a criatividade e a conexão com a empresa, o que, normalmente, se manifesta como desmotivação e falta de engajamento.

Não é por acaso que a valorização das emoções para aumentar o vínculo entre empresa e colaborador foi apontada pela pesquisa Tendências da Comunicação Interna como um dos principais tópicos para 2025.

O componente emocional é parte intrínseca da experiência humana e isso, inevitavelmente, tem ramificações no ambiente de trabalho. Profissionais que se sentem compreendidos e apoiados emocionalmente são mais alinhados à cultura da empresa e, consequentemente, mais empenhados em suas atividades.

De acordo com um estudo da Gallup, equipes com alto nível de bem-estar emocional apresentam um aumento de 21% na produtividade e 41% menos faltas por motivos de saúde. Além disso, quando as organizações reconhecem que as emoções influenciam decisões, comportamentos e relações interpessoais, conseguem construir uma cultura mais humanizada e colaborativa.

Interesse genuíno

Praticar a empatia e estimular a escuta ativa são atitudes que promovem um ambiente de confiança e pertencimento. Quando líderes e colegas se mostram genuinamente interessados nas experiências e sentimentos uns dos outros, criam-se laços mais fortes e saudáveis. Ser empático não é apenas compreender o ponto de vista do outro, mas validá-lo e agir com sensibilidade.

A empresa americana de software Salesforce, por exemplo, incentiva sessões regulares de “check-in emocional”, onde os colaboradores compartilham como estão se sentindo. Essa prática contribuiu para reduzir em 25% os conflitos internos e aumentar a colaboração entre equipes, segundo relatórios internos. Iniciativas como essa fortalecem a conexão emocional e mostram que a empresa valoriza o bem-estar de cada indivíduo.

Além disso, líderes que praticam a escuta ativa — ouvindo sem interrupções, fazendo perguntas abertas e demonstrando interesse real — criam um ambiente onde as pessoas se sentem valorizadas. Isso não só melhora a comunicação, como também inspira os colaboradores a se expressarem com mais liberdade, promovendo a inovação e a resolução conjunta de problemas.

Estudos mostram ainda que equipes que cultivam a empatia têm maior resiliência emocional e conseguem lidar melhor com situações de estresse ou mudanças organizacionais. Ela permite que a equipe enfrente desafios de forma mais coesa.

Portanto, investir na empatia e na escuta ativa não é apenas uma estratégia de bem-estar, mas um diferencial competitivo que impulsiona a performance e a retenção de talentos. Organizações que priorizam essas práticas constroem culturas mais fortes, humanas e adaptáveis, onde cada colaborador sente que sua voz realmente importa.

Valorização individual

Prestigiar os colaboradores é essencial para manter a motivação, o engajamento e a saúde emocional da equipe. Entretanto, o reconhecimento deve ir muito além de prêmios ou bônus financeiros: trata-se de reconhecer conquistas, destacar esforços e expressar gratidão de maneira consistente. Quando os profissionais percebem que suas contribuições são vistas e valorizadas, desenvolvem um senso maior de propósito e pertencimento.

Uma pesquisa da Harvard Business Review aponta que 72% dos empregados consideram o reconhecimento emocional mais motivador do que recompensas financeiras. Um exemplo prático é o da varejista Zappos, que incentiva o reconhecimento público entre os times. Os colaboradores podem elogiar colegas por pequenas vitórias ou atitudes inspiradoras. A prática gera ciclos de feedback positivo que elevam a autoestima e intensificam os laços interpessoais.

Pequenos gestos, como elogios sinceros, celebrações de marcos importantes ou mensagens personalizadas de agradecimento, têm um impacto significativo no bem-estar emocional. Empresas como a Adobe, por exemplo, promovem programas de reconhecimento contínuo, nos quais líderes enviam notas de agradecimento e compartilham conquistas de seus times em reuniões gerais, criando uma atmosfera de celebração e valorização constante.

Pesquisas também apontam que organizações que incentivam o reconhecimento apresentam 31% menos rotatividade e 41% maior satisfação no trabalho. Isso demonstra que reconhecer as pessoas é uma ferramenta estratégica poderosa, capaz de impulsionar não só a felicidade dos colaboradores, mas também os resultados da empresa.

O bem-estar emocional como meta

Fomentar o bem-estar é uma necessidade crescente no ambiente corporativo, especialmente em um mundo cada vez mais dinâmico e desafiador. Iniciativas voltadas à saúde mental e ao apoio emocional não só previnem o desgaste psicológico, como também fortalecem a resiliência e a conexão com a empresa. Programas de mindfulness, sessões de terapia, rodas de conversa ou momentos de descompressão oferecem espaços para que os colaboradores cuidem de sua saúde mental e emocional.

De acordo com a Associação Americana de Psicologia, organizações que investem em programas de saúde mental reduzem os níveis de estresse dos colaboradores em até 30%. O Google, por exemplo, oferece oficinas semanais de meditação e apoio psicológico gratuito, o que resultou em maior satisfação, aumento da produtividade e uma queda expressiva nos pedidos de afastamento.

Outras empresas, como a Unilever, implementaram dias de folga dedicados ao autocuidado e criaram canais de apoio emocional anônimos, proporcionando aos empregados recursos práticos para lidar com momentos de maior vulnerabilidade. Essas iniciativas estimulam a construção de um ambiente mais saudável, onde as pessoas se sentem amparadas e motivadas a dar o seu melhor.

Oferecer recursos para estimular o bem-estar emocional é, portanto, um investimento que traz retornos significativos. Um estudo da Deloitte aponta que para cada dólar investido em programas de saúde mental, as empresas recebem um retorno quatro vezes maior em aumento de produtividade e redução de custos relacionados ao absenteísmo. Esses dados reforçam que cuidar do emocional dos colaboradores não é só uma questão ética, mas também uma estratégia inteligente para garantir a longevidade e a sustentabilidade da organização.

Portanto, criar espaços onde os profissionais possam se expressar, buscar apoio e equilibrar suas emoções é essencial para um ambiente corporativo verdadeiramente humano e próspero. As empresas que integram a saúde emocional à sua cultura colhem os frutos de equipes mais engajadas, satisfeitas e conectadas com os valores da organização, formando uma base sólida para o crescimento e a inovação a longo prazo.

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