Trabalho multigeracional: transformando conflitos em oportunidades

PUBLICADO POR SEEPIX COMUNICAÇÃO EM 04/04/2024

 

Vivemos fenômeno sem precedentes no mercado de trabalho. Pela primeira vez, quatro gerações coexistem no ambiente corporativo, ocupando os mais diferentes cargos, os Boomers, a Geração X, os Millennials e a Geração Z.

Um cenário que tem se mostrado complexo e desafiador para os gestores e áreas de RH. Afinal, cada um desses grupos possui um conjunto único de características, valores e maneira própria de pensar a importância da vida profissional. Como então liderar e administrar as possíveis divergências e conflitos decorrentes desse contexto multigeracional?

 

Neste artigo, vamos tentar responder à questão, sem deixar de mostrar também que há o outro lado da moeda. A diversidade de gerações, se bem administrada, pode se tornar um terreno fértil para a troca de experiências e conhecimentos, fomentando uma cultura colaborativa de criatividade e inovação.

Estamos falando de quem?

 

Vamos então conhecer o perfil de cada uma dessas gerações. Compreender as particularidades de cada uma delas é primordial para despertar uma consciência harmoniosa nas empresas, promovendo uma cultura organizacional mais inclusiva, diversa e produtiva.

 

Baby Boomers (1945 – 1964):

Descritos como uma geração dedicada ao trabalho e comprometida com o sucesso profissional, os Baby Boomers surgiram no período pós-Segunda Guerra Mundial. Na época, houve uma explosão demográfica sem precedentes, motivada pelas numerosas perdas que ocorreram anos antes, durante o conflito.

Influenciada pela ideia do “sonho americano”, a maioria buscava alcançar estabilidade financeira e status por meio de carreiras tradicionais. O lazer ficava em segundo plano, e muitos não se incomodavam em realizar um trabalho repetitivo ou em responderem a uma gestão autoritária, desde que conquistassem sucesso profissional. Aliás, era comum as pessoas permanecerem em uma única empresa por toda a vida.

Os Boomers também presenciaram avanços tecnológicos significativos, desde o surgimento da televisão até a revolução digital, adaptando-se às novas formas de comunicação e trabalho. Atualmente, muitos estão na etapa de planejamento da aposentadoria

 

Geração X (1965 – 1980)

Com um pé na tradição e outro na vanguarda, essa geração é considerada a ponte entre os Baby Boomers e o cenário emergente da inovação tecnológica, com o surgimento dos primeiros computadores pessoais no ambiente de trabalho.  Seus representantes são conhecidos pela autossuficiência e pelo comprometimento com as responsabilidades profissionais, ocupando grande parte dos cargos de gerência e liderança.

Com um percurso marcado pela busca por excelência e reconhecimento, tornaram-se líderes pragmáticos, que valorizam a independência e a eficiência. Ao contrário de seus pais, no entanto, não usufruíram das mesmas oportunidades econômicas e estabilidade financeira, e precisaram se adaptar e prosperar em um mundo em constante evolução.

Por outro alado, a geração X foi a primeira a levantar a bandeira da conciliação entre a vida pessoal e a carreira. Dessa forma, bem-estar e saúde física se tornaram prioridades.

Millenials (1981 – 1995):

Também conhecida como a Geração Y, os Millennials despontaram em meio a uma transformação tecnológica até então nunca vista. Eles foram testemunhas oculares da ascensão dos computadores pessoais e da revolução provocada pelos smartphones.

No presente, os Millennials ainda representam a espinha dorsal da força de trabalho global e, segundo pesquisas, serão responsáveis por cerca 75% dos cargos ocupados até 2025. Eles, porém, se distanciam da atitude competitiva da Geração X e buscam trabalhar em empresas com ambientes mais inclusivos e dinâmicos.

Outra característica comum dessa geração, é que seus componentes valorizam a flexibilidade e o equilíbrio, além de serem sensíveis a questões sociais e ambientais.  Eles compreendem o trabalho não só como uma fonte de renda, mas também como uma plataforma para a expressão de seus valores, aspirações e propósito.

 

Geração Z (1996 – 2010):

Identificados como “nativos digitais”, os jovens da Geração Z são os grandes protagonistas da nossa sociedade atual, completamente conectada. Como uma força emergente no mercado de trabalho, eles priorizam a qualidade de vida e a flexibilidade profissional, negando-se a comprometer a saúde mental em favor de ganhos financeiros. 

Além disso, preferem a flexibilidade de horários e modelos de trabalho híbridos, em vez de se submeterem a horas extras exaustivas em busca de um aumento salarial. Os nativos digitais também demonstram grande interesse em trabalhar com tecnologias de ponta e valorizam a liberdade para escolher onde e como desempenhar suas atividades.

Com uma mentalidade empreendedora e uma afinidade natural com as novidades tecnológicas, a Geração Z está redefinindo o ambiente corporativo. Para os seus representantes, as ferramentas digitais são oportunidades para explorar novos negócios e carreiras não convencionais.

Conflito multigeracional no trabalho

 

De maneira geral, podemos dizer que o mercado de trabalho atual é caracterizado pela crescente saída dos Baby Boomers do mercado de trabalho, a busca por conciliação entre vida pessoal e profissional e a necessidade de maior aptidão tecnológica. Tal realidade propicia às gerações Y e Z cada vez mais oportunidades de conquistarem posições importantes dentro das organizações.

 

A presença de tantas gerações diferentes no mesmo ambiente corporativo pode se tornar um campo fértil para conflitos e incompreensões. Por exemplo, os Millennials e a Geração Z preferem uma comunicação rápida e digital, por meio de mensagens de texto, redes sociais e videoconferências. Já os integrantes da Geração X costumam apreciar uma relação mais cara a cara ou o contato por telefone.

 

Aspectos divergentes também estão relacionados aos valores, expectativas e diferentes prioridades no trabalho. Enquanto os Millennials e a Geração Z tendem a valorizar mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade e propósito no trabalho, os representantes da Geração X dão mais prioridade a progressão na carreira e a estabilidade financeira.  Além disso, as gerações mais antigas podem ter mais resistência a mudanças, ao passo que os mais jovens podem se sentir desestimulados com a falta de inovação.

Já em relação ao aprendizado, nota-se que os Baby Boomers e a Geração X possuem uma maneira mais tradicional, tendo preferência por aulas expositivas e materiais impressos. As gerações Y e Z, por sua vez, são mais entusiastas do aprendizado via tecnologia, por meio de aplicativos educacionais e plataformas de ensino on-line.

É importante destacar que, apesar de as pessoas serem diferentes entre si, as gerações sofreram influência dos acontecimentos históricos e das tecnologias cujo surgimento presenciaram. Isso significa que há tendências de comportamentos que refletem o contexto em que viveram. Entender esse aspecto é condição si ne qua non para promover a colaboração entre esses grupos.

Diversidade geracional como potência de transformação

 

Até aqui, nos concentramos em mostrar as principais diferenças entre as gerações atuais e os conflitos mais comuns que esse cenário diversificado pode provocar no ambiente de trabalho. Entretanto, também precisamos trazer para a discussão os muitos aspectos positivos que a conexão inteligente dessas particularidades consegue proporcionar às organizações.

 

Como exemplo, podemos citar o potencial de aprimoramento na eficiência das equipes. Isso porque, a reunião de pessoas com habilidades e competências tão diversas pode resultar em uma cooperação mais sinérgica e abrangente, gerando resultados mais sólidos e consistentes.

 

Outro fator importante é que um local de trabalho plural tem o potencial de se tornar um estimulante poderoso para a aprendizagem e o crescimento profissional. Enquanto os mais jovens se beneficiam da experiência e da orientação dos mais experientes, estes podem se revitalizar com a energia e a criatividade dos colegas pertencentes às outras gerações. Essa troca constante fortalece as competências individuais dos colaboradores e promove uma cultura organizacional voltada para o desenvolvimento contínuo.

 

Por fim, mas não menos importante, é que um ambiente caracterizado pela diversidade geracional possui a capacidade de se transformar em um catalisador de inovação. Afinal, a presença de pessoas com vivências e ideias tão diferentes pode ser o combustível necessário para estimular o pensamento crítico e a, consequente, descoberta de soluções únicas para os desafios de uma organização.

Construindo pontes, promovendo sinergias

 

Ficou claro que ao valorizar as diferentes experiências e perspectivas de cada geração, as empresas podem criar ambientes mais inclusivos, produtivos e inovadores. Mas, para isso, precisam estar dispostas a estimular uma cultura interna dinâmica e participativa, que estimule a colaboração e a troca de ideias. Cada geração traz perspectivas, habilidades e valores únicos para o local de trabalho, e uma gestão eficaz envolve entender essas diferenças, facilitar a relação e gerenciar possíveis conflitos.  Confira algumas dicas importantes para vencer esse desafio:

 

  • Crie equipes multigeracionais para promover a troca de conhecimento e experiências, promovendo o aprendizado mútuo.
  • Adote políticas de trabalho remoto, horários flexíveis e programas de desenvolvimento adaptados à diferentes gerações.
  • Entenda o contingente de cada geração, por meio de pesquisas internas, para planejar orçamentos, benefícios, planos de carreira etc
  • Analise os motivadores de cada geração para refinar políticas e práticas internas, adaptando-as aos diferentes públicos.
  • Promova a compreensão e empatia com o auxílio de mentoria reversa, workshops, treinamentos e programas de intercâmbio de conhecimentos.
  • Desenvolva uma liderança inclusiva, na qual os líderes valorizem as contribuições dos profissionais das mais diversas gerações.
  • Fomente o compartilhamento de histórias de vida para que as pessoas possas se compreender melhor umas às outras.

 

Ao valorizar e promover uma integração inspiradora das diferenças de geração no ambiente de trabalho, as empresas têm a oportunidade de se tornarem espaços mais inclusivos e representativos da sociedade como um todo. Essa postura não apenas consolida a imagem corporativa, mas também pode elevar o grau de satisfação e engajamento de todos os colaboradores.

 

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