IA na comunicação interna: um grande risco ou a salvação da área
PUBLICADO POR SEEPIX COMUNICAÇÃO EM 16/04/2024
No final de 2022, quando o ChatGPT foi lançado e virou um fenômeno de popularidade, muitos profissionais de comunicação ficaram temerosos de que a profissão pudesse estar com os dias contados. Afinal, todos descobriram atônitos que, por meio de comandos (prompts), a ferramenta era capaz de gerar conteúdos em diferentes formatos, traduzir textos, fornecer respostas precisas a variadas questões, entre outros possibilidades.
Passada essa apreensão inicial, parece haver um consenso de que a inteligência artificial, ao menos da forma como a conhecemos hoje, não substituirá tão cedo o papel estratégico e criativo dos comunicadores. Aliás, o ganho de tempo proporcionado por ela, ao realizar atividades mais operacionais, pode dar aos comunicadores a chance de, finalmente, conseguirem atuar como estrategistas. Entretanto, abordaremos essa questão mais detalhadamente em outro momento deste artigo.
O fato é que esses sistemas inteligentes têm se mostrado um caminho sem volta, que deverá provocar transformações em quase todos os setores da sociedade, e agir como se você não fosse ser impactado por ela é como tentar viver em uma realidade paralela. Certamente, não é a melhor estratégia de sobrevivência no mercado de trabalho, independentemente, da sua área de atuação de um profissional.
Diante dessa perspectiva, fomos pesquisar de que forma a inteligência artificial generativa, caso do ChatGPT, já está sendo empregada no dia a dia da comunicação nas organizações. Nessa categoria de IA, encontram-se todas as tecnologias capazes de gerar conteúdos diversos, únicos e originais, após serem treinadas a partir de grandes bases de dados pré-existentes.
Admirável mundo novo
Os sistemas inteligentes têm trazido perspectivas bastante animadoras quanto à solução de antigas barreiras para os profissionais de comunicação. Uma das mais importantes é a possibilidade de analisar e traduzir grandes volumes de informações em tempo recorde, gerando relatórios mais precisos e confiáveis para a tomada de decisões. A análise avançada desses dados oferece insights valiosos sobre o comportamento dos colaboradores e o impacto das mensagens, permitindo uma otimização contínua das estratégias da área.
Há ganhos também na automatização de processos que antes consumiam um tempo necessário a questões mais estratégicas. Hoje, adicionalmente à criação de textos, existem ferramentas para gerar imagens, editar vídeos, criar apresentações, capturar e transcrever áudios, fazer traduções e realizar monitoramento de performance em tempo real.
Além disso, a personalização da comunicação baseada em IA permite uma abordagem mais relevante e individualizada, aumentando o engajamento e a eficácia das mensagens. A tecnologia pode, por exemplo, identificar áreas de interesse de cada colaborador com base nas interações anteriores com os canais digitais da empresa, permitindo o envio de conteúdos relevantes, no horário mais adequado para cada público.
A inteligência artificial possibilita ainda a análise de padrões de comunicação e interação entre as pessoas para identificar oportunidades de colaboração e promover o networking dentro da empresa.
Transformação na prática
Como vimos, as possibilidades de incremento da comunicação interna com o uso da IA são muitas e prometem resolver grande parte das necessidades atuais da área. Mas é bem provável que você esteja se perguntando agora o que é teoria e o que de fato já está sendo implementado nas empresas, além da produção de conteúdos, para melhorar o fluxo das informações.
Vamos então explorar algumas dessas iniciativas concretas a partir de pesquisas de instituições especializadas em tecnologia, como Gartner, Forrester e IDC, estudos de caso e artigos acadêmicos publicados em revistas e periódicos especializados.
Muitas empresas estão usando algoritmos de IA para analisar grandes volumes de dados de colaboradores, como interações em plataformas de comunicação interna, feedbacks, e-mails e pesquisas de engajamento. Essa análise ajuda a identificar padrões e preferências individuais, permitindo uma interação mais personalizada, como citamos anteriormente.
Para complementar, a tecnologia também está sendo utilizada para segmentar a audiência interna com base em diferentes critérios, como cargo, departamento, localização e interesses. Isso permite que as equipes de comunicação enviem mensagens específicas e relevantes para cada grupo de funcionários.
Como era previsto, a inteligência artificial está automatizando tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, entre as quais o envio de lembretes de eventos, a atualização de calendários e a organização de documentos. Já os assistentes virtuais baseados em IA, como chatbots, estão sendo implementados para dar suporte aos colaboradores de forma rápida e eficiente. Essas ferramentas respondem a perguntas comuns, fornecem atualizações sobre políticas internas e realizam tarefas simples, como o agendamento de reuniões.
O que vem por aí
Podemos afirmar com segurança que uma das principais características da inteligência artificial é a velocidade sem precedentes em que se dá o seu avanço, desafiando todas as noções prévias sobre inovação e transformação digital. Assim, o que hoje vemos como surpreendente, em pouco tempo se torna habitual, e o que agora nos parece impossível, amanhã invade espantosamente a nossa realidade.
Estamos todos submetidos a um cenário de tendências revolucionárias e possibilidades infinitas, onde qualquer prognóstico certamente ficará aquém do que está por vir. Mesmo assim, baseado no que temos hoje disponível, é possível prever que, num futuro próximo, os chatbots vão se tornar ainda mais sofisticados, utilizando técnicas de processamento de linguagem neural e aprendizado de máquina para interações mais humanizadas e contextuais.
A realidade aumentada deverá redefinir completamente a experiência de comunicação por meio de interações imersivas e envolventes, em ambientes digitais. A IA também permitirá análises de dados cada vez mais sofisticadas, fornecendo insights consistentes sobre engajamento, eficácia das mensagens e tendências dentro das organizações.
Progressivamente, teremos uma comunicação interna altamente personalizada, adaptada às necessidades e preferências individuais. Além disso, a tecnologia irá proporcionar experiências mais intuitivas, acessíveis e envolventes, aumentando o envolvimento e a satisfação dos colaboradores.
Os novos sistemas ainda poderão identificar padrões e problemas emergentes na área, ajudando as organizações a resolver conflitos, melhorar a cultura organizacional e promover a colaboração.
Um olhar realista para o futuro
Aqui, voltamos ao início do texto, quando citamos a preocupação legítima dos comunicadores quanto ao risco de terem suas habilidades e funções substituídas por algoritmos e máquinas inteligentes. A melhor estratégia diante desse contexto talvez seja adotar uma perspectiva equilibrada e um posicionamento prático para não ser engolido pela tecnologia.
Ao menos por enquanto, a IA não tem demonstrado ser um mecanismo de substituição da comunicação feita pelos seres humanos, mas não se pode negar que está transformando as funções ligadas ao setor e exigindo desses profissionais uma atualização de habilidades. Há uma necessidade premente de adaptação ao uso dessas ferramentas para permanecer relevante e eficaz em um ambiente de trabalho cada vez mais digital.
É preciso admitir também que a inteligência artificial está criando novas oportunidades de carreira em áreas como a IA aplicada à comunicação, ética em IA, gerenciamento de projetos de tecnologia, entre outras. Isso possibilita às pessoas que adquirem competências relacionadas a essas áreas estarem bem-posicionados para liderar a transformação digital em suas empresas e se destacar no mercado de trabalho.
Por outro lado, não se pode perder de vista que a tomada de decisões em contextos complexos muitas vezes requer um entendimento mais profundo das nuances sociais, culturais e organizacionais. Apenas os seres humanos são capazes de aplicar julgamento e discernimento nessas situações ambíguas e imprevisíveis, assim como avaliar o impacto de suas ações e garantir que as mensagens seja éticas e moralmente responsáveis.
Enfim, ainda que a IA seja capaz de analisar grandes volumes de dados e fornecer insights poderosos, a comunicação assertiva requer empatia e compreensão emocional para que uma conexão real possa ser estabelecida com o público-alvo. Nesse aspecto, somos imbatíveis.
Apenas os seres humanos são capazes de interpretar as nuances emocionais, ler entre as linhas e adaptar sua mensagem de acordo com as necessidades emocionais das pessoas. A comunicação face a face e a capacidade de construção de relacionamentos sólidos por meio de interações interpessoais parece ser o grande trunfo dos profissionais do setor frente ao avanço dos sistemas inteligentes.
Nesse contexto a Seepix entende a IA como mais uma ferramenta de apoio às áreas de comunicação. Tentamos aproveitar o melhor da tecnologia para potencializar o que de melhor o ser humano pode oferecer. Com essa postura norteando as ações da agência, já estamos implementando ferramentas de inteligência artificial em nosso sistema de TV corporativa. A novidade permitirá aos clientes revisar conteúdos, criar textos e gerar imagens e vídeos por meio de simples comandos (prompts).
Recentemente, em nossa newsletter, também divulgamos gratuitamente um PDF com dicas valiosas de prompts para te ajudar a preparar um planejamento de comunicação mais completo. Acesse aqui o material
Leia outros artigos do blog!
Trabalho multigeracional: transformando conflitos em oportunidades
A comunicação como pilar da liderança eficaz
Comunicação criativa: como desenvolver a habilidade de ter insights poderosos